đŸ—žïž CACHORRO FAMINTO NÃO É LEAL — UMA REFLEXÃO SOBRE LEALDADE, INTERESSE E CARÁTER NAS RELAÇÕES HUMANAS

Lealdade baseada em necessidade Ă© temporĂĄria; quando a carĂȘncia Ă© suprida em outro lugar, a pessoa some.

Cachorro faminto nĂŁo Ă© leal... ele nĂŁo escolhe dono, escolhe quem o alimenta. A fome disfarçada de afeto Ă© o laço mais perigoso que existe. Tem gente que nĂŁo fica porque ama, fica porque precisa. E quando encontra um prato mais cheio, vai sem olhar pra trĂĄs — como se vocĂȘ nunca tivesse existido.

Essa frase, provocante e realista, poderia ser o retrato fiel de muitos comportamentos observados na sociedade atual. Em tempos de conexĂ”es lĂ­quidas e vĂ­nculos frĂĄgeis, a lealdade verdadeira se tornou artigo de luxo. Vivemos em uma era onde o interesse muitas vezes se disfarça de afeto, e a conveniĂȘncia se mascara de amizade ou compromisso.

No mundo corporativo, essa realidade se manifesta diariamente. Quantos profissionais se mostram comprometidos apenas enquanto a empresa estĂĄ em alta, mas desaparecem no primeiro sinal de crise? A lealdade, nesses casos, nĂŁo nasce da identificação com a missĂŁo ou com os valores da organização — ela nasce do benefĂ­cio. Quando o bĂŽnus Ă© cortado, o salĂĄrio atrasa ou o reconhecimento demora, a “fome” fala mais alto. SĂŁo os chamados “colaboradores famintos”: sempre Ă  procura do prato mais farto, mas incapazes de compreender que a verdadeira prosperidade nasce da constĂąncia.

Do outro lado, existem lĂ­deres que tambĂ©m alimentam esse ciclo. Alimentam o time com promessas, mas nĂŁo com propĂłsito. Cobram lealdade, mas nĂŁo oferecem direção. Criam dependĂȘncia, nĂŁo pertencimento. O resultado Ă© uma relação instĂĄvel — onde ninguĂ©m confia em ninguĂ©m e todos estĂŁo prontos para mudar de mesa quando o banquete parece mais farto em outro lugar.

Na polĂ­tica, o fenĂŽmeno Ă© ainda mais escancarado. Basta um cargo, uma promessa ou uma oportunidade para que muitos troquem de lado, deixando para trĂĄs quem os sustentou em tempos de escassez. O discurso muda conforme o interesse. O “apoio incondicional” dura apenas atĂ© o Ășltimo prato de poder ser servido. Essa troca de fidelidades revela o quanto a fome por status e influĂȘncia ainda fala mais alto que a consciĂȘncia e o compromisso com a verdade.

E na vida pessoal, a histĂłria se repete. Quantas amizades, relacionamentos e parcerias se mantĂȘm apenas enquanto hĂĄ algo a ganhar? Quando a escassez chega — seja financeira, emocional ou social — muitos desaparecem. É nessa hora que se revela quem estava por afeto e quem estava por necessidade. A diferença entre o amor e o interesse Ă© simples: o primeiro permanece quando a mesa estĂĄ vazia; o segundo vai embora quando o prato esvazia.

Nem todo olhar dĂłcil Ă© sincero. Alguns apenas farejam vantagem. E quando o instinto fala mais alto que o carĂĄter, o “obrigado” vira latido, e o “pra sempre” vira o tempo de uma refeição.

A verdadeira lealdade nĂŁo nasce da carĂȘncia, nasce da consciĂȘncia. Ela estĂĄ naqueles que permanecem mesmo sem recompensa imediata. Nos colaboradores que seguem firmes mesmo sem aplausos. Nos amigos que ficam quando o vento sopra contra. Nos lĂ­deres que inspiram por valores, e nĂŁo por benefĂ­cios.

O mundo precisa de menos famintos e mais conscientes. Menos gente movida pela vantagem e mais pessoas guiadas pelo propĂłsito. Porque quem Ă© inteiro, nĂŁo troca de casa toda vez que o estĂŽmago ronca.

E no fim das contas, a lealdade — em qualquer esfera — continua sendo o maior termîmetro do caráter.

✹ Elaborado por: Ricardo Coelho #ReflexĂŁoDiĂĄria #Lealdade #CarĂĄter #ÉticaProfissional #TrabalhoComPropĂłsito #PolĂ­ticaComConsciĂȘncia #RelaçÔesHumanas #RicardoCoelho

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