Apagado politicamente e afastado das principais articulações sobre as eleições vindouras, o senador Rodrigo Cunha (Podemos) tem tido dificuldades em ganhar notoriedade em Alagoas, chegando a ser cogitado recentemente como possível candidato a vice-prefeito de JHC, para dar lugar no Senado a Eudocia Caldas, mãe do prefeito de Maceió.

Em uma tentativa de reverter esse cenário, Cunha tem adotado um comportamento que não lhe é muito comum durante sua trajetória política, que é o de ir para confronto aberto.

A aposta dos assessores de Rodrigo é que o senador seja visto como anti-Calheirista pelos alagoanos, o que supostamente faria com que o eleitor simpático a Bolsonaro apoiasse uma improvável reeleição de Rodrigo.

Derrotas

Em um discurso nervoso durante a votação do projeto de resolução 94/2023 para autorizar o estado de Alagoas a contrair um empréstimo de até US$ 40 milhões junto ao Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), Rodrigo Cunha colocou em prática a estratégia indo para o embate com Renan Calheiros, que havia falado antes sobre os benefícios fiscais da aprovação da proposta, e pediu que os colegas parlamentares rejeitassem a autorização, amargando uma derrota esmagadora, sendo o único a se posicionar desfavoravelmente ao estado que representa.

A segunda vez que Rodrigo entrou em confronto com Renan foi devido à Comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Braskem, proposta por Calheiros e que desagrada a Cunha, já que pode trazer grandes ganhos políticos ao adversário.

No plenário, Cunha leu um discurso repleto de acusações contra Renan Calheiros e pediu que a CPI não fosse instalada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, mas caso fosse autorizada a sua criação, que Renan fosse impedido de fazer parte. Mais uma vez, isso representou uma grande derrota para o político de Arapiraca, já que não obteve apoio em nenhuma das solicitações.

Com a necessidade de agradar os eleitores bolsonaristas, a tendência é que os confrontos de Rodrigo Cunha contra Renan Calheiros se repitam mais vezes. Se essa estratégia dará os resultados desejados entre os alagoanos, só o tempo poderá dizer. O que já é fato é que dificilmente em Brasília o senador Rodrigo conseguirá lograr êxito contra Calheiros.