O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou nesta quinta-feira (22) ter recebido graves ameaças e ofensas através do canal da ouvidoria da Corte. A denúncia foi feita durante sessão que julgava a validade de cargos comissionados nos tribunais de contas de São Paulo e Goiás, em um debate que incluiu a discussão sobre agentes de segurança nesses órgãos.

O relato do ministro ganhou maior relevância por coincidir com o episódio da ameaça de bomba no Ministério do Desenvolvimento Social ocorrida no mesmo dia em Brasília. Dino leu trechos das mensagens ofensivas que recebeu, incluindo xingamentos como "canalha e rocambole do inferno", além de ameaças físicas explícitas:

"Um cara como você tem que apanhar de murro por cima da cara, arrancar dente por dente da tua boca. É na porrada. Bastam cem homens aí em Brasília, invadem o STF e expulsam", dizia um dos trechos.

O ministro alertou sobre o "espírito do tempo" que cultiva ódio em escala criminosa, destacando como comentários violentos nas redes sociais podem se materializar em ações reais. "As caixas de comentários ganham densidade quando penetram na mente humana e se transformam em força material", afirmou, lembrando que a segurança institucional precisa ser constante após o atentado de novembro de 2024, quando um apoiador de Jair Bolsonaro tentou entrar com explosivos no STF.

O STF mantém segurança reforçada desde o ataque de Francisco Wanderley (Tiu França), que se explodiu após ser barrado pelos seguranças do tribunal. O caso reforçou os protocolos de proteção aos ministros e às instalações da Corte.