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Ligação de Alagoas para delator do PCC minutos antes de sua execução pode ter ligação com o crime

Investigação do DHPP aponta chamada feita de Marechal Deodoro (AL) 17 minutos antes de ex-membro da facção ser morto em Guarulhos

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que fez a delação, foi acusado de roubo e traição e jurado de morte - Fotos: Divulgação

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo identificou uma ligação suspeita feita de Alagoas minutos antes do assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38 anos, ex-integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) e delator da facção. A chamada, registrada às 15h48 de 8 de novembro de 2024, partiu de um número com DDD 82, do município de Marechal Deodoro, na Região Metropolitana de Maceió.


Apenas 17 minutos depois, Gritzbach foi executado a tiros no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos. O celular usado na ligação estava na mala do delator, foi desligado logo após o contato e apreendido pela polícia.

A origem da chamada reforçou as suspeitas sobre a participação de pessoas radicadas em Alagoas no crime. Marechal Deodoro é onde vive David Moreira da Silva, ex-agente penitenciário já indiciado ao lado de Gritzbach pela morte de dois outros membros do PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, o "Cara Preta" e Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue", assassinados em dezembro de 2021 na zona leste de São Paulo.

David foi preso em 2023 em um imóvel no loteamento Porto das Pedras, em Marechal Deodoro, e hoje cumpre prisão domiciliar. Ele é apontado como colaborador de Pablo Henrique Borges, operador de criptomoedas também investigado pelos homicídios. Borges, por sua vez, é primo de Noé Schaun Alves, acusado de executar "Cara Preta" e "Sem Sangue" e depois morto por ordem do PCC.

Rastros em Alagoas antes da execução


As investigações revelam que Gritzbach esteve em Alagoas dias antes de ser morto. Ele voltou a São Paulo vindo de Maceió com cerca de R$ 1 milhão em joias na bagagem, material que teria sido entregue em um quiosque de praia na capital alagoana. Um de seus celulares foi rastreado na cidade em 4 de novembro.

A curta distância entre Maceió e Marechal Deodoro reforça a hipótese de envolvimento de pessoas do estado no crime. A última ligação recebida por Gritzbach, com DDD 82, pode ter sido o contato final antes da emboscada.

Mandantes e executores


Até agora, a polícia já prendeu três PMs acusados de participação direta na execução e um olheiro que monitorava Gritzbach no aeroporto está foragido. Dois supostos mandantes tiveram a prisão preventiva decretada.

As autoridades investigam se um dos mandantes tem vínculos com PCC e/ou Comando Vermelho (CV). Gritzbach era acusado de desviar milhões de "Cara Preta" antes de se tornar delator e entrar para o programa de proteção.