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OMS atualiza classificação da síndrome de Burnout como fenômeno ocupacional
Nova definição na CID-11 amplia entendimento sobre impactos físicos e emocionais da exaustão profissional

A Organização Mundial da Saúde (OMS) redefiniu o status da síndrome de Burnout na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), elevando-a de uma simples "resposta ao estresse no trabalho" para um "fenômeno ocupacional" com consequências multifacetadas. A mudança, que entrou em vigor recentemente, reconhece oficialmente os graves prejuízos físicos, emocionais e sociais causados pela condição, abrindo caminho para políticas mais efetivas de prevenção e tratamento.
Entendendo a síndrome
Segundo Danilo de Freitas Araújo, professor de Psicologia da Estácio, a atualização permite uma avaliação mais precisa do impacto do estresse ocupacional. "Dentro da nova descrição, temos mais parâmetros para avaliar o quanto um indivíduo foi afetado pelo estresse no trabalho e, assim, subsidiar a criação de ações que melhorem a dinâmica organizacional", explica.
Diferente do cansaço comum, o Burnout se caracteriza por três pilares: exaustão extrema, cinismo (despersonalização) e sensação de ineficácia. Enquanto o estresse pode ser aliviado com repouso, o Burnout exige intervenção profissional devido à sua complexidade e difícil reversão.
Profissões em risco e responsabilidade corporativa
Entre as carreiras mais vulneráveis estão policiais, professores, profissionais da saúde e trabalhadores sob pressão por metas. Fatores como monotonia, falta de reconhecimento, sobrecarga e assédio moral são os principais gatilhos. Araújo enfatiza que as empresas têm papel crucial na prevenção: "Em locais onde há preocupação com a qualidade de vida do trabalhador, os índices de Burnout são muito baixos ou inexistentes. Infelizmente, nem todas as organizações adotam essa abordagem, seja por falta de informação ou por priorizar exclusivamente a produtividade".
Estratégias de combate
O especialista recomenda ações concretas:
- Implementação de programas de saúde mental
- Canais seguros para denúncias de assédio
- Contratação de psicólogos organizacionais
- Promoção de pausas estratégicas e jornadas flexíveis
Para os profissionais já afetados, a orientação é clara: "a prática regular de exercício físico, alimentação balanceada e sono adequado são fundamentais. Além disso, aos profissionais afetados pelo Burnout, busquem apoio especializado e, se necessário, acionem seus direitos trabalhistas para garantir melhores condições de trabalho", finaliza Araújo. A mudança na CID-11 reforça a urgência de tratar o Burnout não como fraqueza individual, mas como consequência de ambientes laborais tóxicos.
A atualização da OMS representa um marco no reconhecimento dos efeitos do trabalho sobre a saúde, pressionando empregadores a repensarem suas culturas organizacionais.
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