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Bolsonaro movimentou R$ 30 milhões e fez repasses milionários para família, diz Coaf

Eduardo e Michele aparecem em transferências investigadas pela Polícia Federal

PF cumpre mandados na casa de Jair Bolsonaro, que usará tornozeleira - Fotos: Carolina Antunes/PR

Informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelam que o ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou R$ 30,5 milhões em suas contas bancárias entre março de 2023 e junho de 2024.

O relatório de inteligência financeira foi utilizado pela Polícia Federal (PF) no inquérito que indiciou Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no caso do chamado tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil.

Segundo o documento, no período de 1º de março de 2023 a 7 de fevereiro de 2024, Bolsonaro registrou R$ 30,5 milhões em créditos e R$ 30,5 milhões em débitos. Apesar de não apontar ilegalidade direta na origem dos recursos, o Coaf identificou 50 comunicações de movimentações atípicas envolvendo o ex-presidente, Eduardo e a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro.

Operações suspeitas

Das comunicações, quatro estavam ligadas a Jair Bolsonaro, outras quatro a Eduardo, e as demais a terceiros associados. A PF destacou indícios de possíveis práticas de lavagem de dinheiro ou outros ilícitos.

Entre as operações envolvendo Bolsonaro, está o repasse de R$ 2 milhões para custear a estadia de Eduardo nos Estados Unidos, realizado em 13 de maio deste ano. O valor foi confirmado pelo próprio ex-presidente e faz parte de R$ 19 milhões arrecadados em doações via Pix entre 2023 e 2024.

Outra transferência de R$ 2 milhões para Michele Bolsonaro foi apontada no relatório. A PF afirma que Bolsonaro omitiu essa informação em depoimento prestado durante as investigações.

Já no caso de Eduardo, o Coaf identificou uma operação de câmbio de R$ 1,6 milhão para uma conta no banco Wells Fargo, nos EUA, realizada em 26 de maio. Segundo a corretora, a origem dos recursos foi uma doação feita por Jair Bolsonaro.

Gastos com advocacia

O relatório ainda mostra que o ex-presidente desembolsou R$ 6,6 milhões com dois escritórios de advocacia no período analisado.