Deputados estaduais descartam criar CPI para investigar corrupção na saúde da gestão Paulo Dantas
Parlamentares argumentam que investigações da Polícia Federal devem seguir seu curso e evitam abrir Comissão Parlamentar de Inquérito; operação "Estágio 4" revelou desvio em contrato de R$ 100 milhões
Deputados descartam a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema de corrupção desbaratado pela Operação Estágio 4, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última terça-feira (16/12). A ação resultou na apreensão de bens, dinheiro em espécie e moedas estrangeiras, além do afastamento do então secretário estadual de Saúde, Gustavo Pontes, suspeito de participação no esquema.
De acordo com a PF, cerca de R$ 6 milhões desviados dos cofres públicos foram utilizados para a compra de uma pousada, que, segundo apuração do site franceisnews, estaria registrada em nome do filho do ex-secretário. A investigação aponta irregularidades em licitações e superfaturamento na pasta da Saúde, que é vinculada ao governo do estado, sob gestão do governador Paulo Dantas (MDB).
Apesar da gravidade das acusações, deputados estaduais ouvidos sob condição de anonimato pelo portal Alagoano demonstraram resistência em abrir uma CPI. Um parlamentar afirmou que "é preciso deixar a Polícia Federal avançar e concluir as investigações". Não há motivo para abrir uma CPI agora". Outro justificou que a ALE está entrando em recesso parlamentar e que uma CPI, neste momento, "só seria usada para fins políticos, já que 2026 é ano de eleição".
A decisão gera críticas de setores da oposição e de entidades da sociedade civil, que defendem o acompanhamento independente do caso pelo Legislativo estadual. Para especialistas em direito constitucional, uma CPI teria poder de investigação próprio e ampliaria o escrutínio sobre o uso de recursos públicos, independentemente das ações da PF e do Judiciário.
O governador Paulo Dantas ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, limitando-se a anunciar a substituição de Gustavo Pontes no comando da Secretaria de Saúde. A PF segue com as investigações, que podem resultar em novas buscas, prisões e afastamentos.
A Operação Estágio 4 é considerada um dos maiores golpes contra a corrupção na saúde pública de Alagoas nos últimos anos, expondo supostos desvios que impactam diretamente os serviços prestados à população. A decisão de não instaurar uma CPI, no entanto, mantém as investigações restritas ao campo policial e judicial, afastando, por enquanto, uma investigação conduzida pelos representantes eleitos no Estado.