A combinação da Operação Estágio 4 da Polícia Federal, que revelou um grande esquema de corrupção na saúde pública, e o anúncio do aumento de impostos estaduais criou uma tempestade política perfeita para o governador Paulo Dantas. Em questão de dias, a gestão estadual ficou associada a dois dos piores estigmas para o eleitor: desvio de dinheiro e mais custo de vida. Esse cenário gerou um sentimento generalizado de repúdio e abriu uma brecha política imediata.

A reação foi rápida e orgânica. Na mesma semana das notícias, apoiadores do prefeito de Maceió, JHC, começaram a estampar em carros e a viralizar nas redes sociais o slogan “JHC por Toda Alagoas”. A frase deixou de ser apenas uma expressão de apoio para se tornar um símbolo da insatisfação popular canalizada. O governador, sem querer, havia entregado à oposição o argumento e o momento ideais para se projetar como alternativa.

Esse movimento espontâneo encontrou eco nas pesquisas, que passaram a apontar JHC como favorito na corrida pelo governo, mesmo diante da possível candidatura de um nome consolidado como Renan Filho. A explicação está na narrativa que se formou: enquanto o governo estadual simboliza crise e descrédito, JHC representa uma gestão municipal ativa e, agora, a esperança de uma administração estadual limpa e eficiente.

Dessa forma, a próxima disputa em Alagoas já começou nas ruas e nas telas, impulsionada por um grito de guerra que sintetiza a virada política em curso. A dupla crise de corrupção e impostos não só desgastou Paulo Dantas, mas também deu à oposição um slogan, um impulso e um candidato pronto para capitalizar o descontentamento. “JHC por Toda Alagoas” é mais que uma frase de campanha; é o reflexo de um eleitorado que parece ter decidido mudar de rota.