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Alagoano volta para casa quatro meses após ser transplantado

José Higino foi o único alagoano na fila de espera para realizar um transplante de coração.

José Higino da Silva, de 40 anos, recebeu um novo coração no dia 23 de outubro de 2023. O homem era o único alagoano na lista de espera por um transplante de coração. O procedimento foi realizado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP), com os custos de transporte e estadia cobertos pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD), programa criado pelo Ministério da Saúde (MS), cujo acesso em Alagoas acontece por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

O paciente voltou para Maceió no último domingo (3), pouco mais de quatro meses após o transplante. Ele apresentou uma boa recuperação e seu organismo demonstrou excelente aceitação do novo órgão, por isso voltou para casa. José pode reencontrar os filhos, segundo ele, uma das razões que o fizeram não desistir da vida e lutar com todas as suas forças até realizar o transplante.

????? como se eu nascesse de novo. Quando a gente se vê na situação de precisar de um novo órgão, passa pela nossa cabeça que tudo acabou. Mas nós não podemos perder a fé e a esperança. Eu me sinto muito feliz por ter tido essa oportunidade de receber essa benção do céu e poder voltar para minha casa e para minha família. ?? uma nova vida. Estou me recuperando muito bem e espero ficar ainda melhor em breve???, relatou.

O transplantado havia sofrido um acidente de moto enquanto trabalhava como entregador, depois do acidente teve sua vida completamente mudada. José Higino sofreu complicações no seu quadro de saúde, o que o fez desenvolver insuficiência cardíaca com fração de ejeção, e teve sua situação clínica agravada em janeiro de 2023, necessitando de um transplante de coração. Até ser transferido para São Paulo, o paciente ficou internado no Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), em Maceió, onde recebeu toda a assistência necessária da equipe multidisciplinar da unidade.

Em decorrência do quadro clínico grave de José, a Central de Transplantes de Alagoas acionou o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e o paciente passou a integrar a fila de prioridades. Após algumas semanas internado em São Paulo, a tão sonhada notícia chegou. ???Quando o médico falou comigo que um coração tinha sido ofertado para mim, eu caí em lágrimas. Só chorei muito e agradeci a Deus por mais essa oportunidade de viver???, contou Higino.

O homem agradeceu todo o suporte recebido durante o seu tratamento. ???Cuidaram muito bem de mim, tanto aqui em Alagoas, no Hospital Metropolitano, quanto lá em São Paulo. O SUS [Sistema ??nico de Saúde] garantiu todo o suporte e esse apoio foi fundamental para minha recuperação. Tive um tratamento de primeira linha e eu só tenho a agradecer por toda a dedicação e cuidado???, afirmou José.

O secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, comemorou a recuperação do paciente e ressaltou o trabalho realizado para salvar a vida de mais um alagoano. ???Histórias como a do José Higino nos incentivam a querer fazer sempre mais pelo nosso povo. Também precisamos falar sobre o impacto positivo que a doação de órgãos tem para a nossa sociedade. ?? fundamental que cada vez mais pessoas se juntem a essa causa tão nobre???, pontuou o gestor.

Izaquele Santos, esposa de José Higino, lembrou os momentos de angústia enfrentados e comemorou por ter o marido de volta. ???Tive que tirar forças de onde não tinha para passar todo o suporte que ele precisava. Quando ele [José Higino] me contou que chegou uma oferta de órgão, eu fiquei me tremendo de tanta felicidade. Graças a Deus, deu tudo certo e eu fico muito feliz em poder ter meu marido de volta em casa???, afirmou a companheira.

A importância da doação de órgãos

José Higino também chamou a atenção para a importância de se doar órgãos. ???Antes disso tudo acontecer na minha vida, eu não tinha a visão de ser um doador, mas hoje eu entendo o quão nobre é essa atitude de se salvar até oito vidas. Fiquei meses esperando por um órgão e sei o quanto é difícil estar naquela posição. Hoje, estou bem graças a outra pessoa que exercitou a caridade. Gostaria muito de conhecer a família do meu doador e agradecer por tudo que fizeram por mim???, relatou o entregador.

De acordo com dados da Central de Transplantes de Alagoas, atualmente, a fila de espera por um coração segue zerada no Estado. Contudo, pacientes ainda esperam ansiosamente por outros órgãos, como córneas (479), fígado (3) e Rim (36). Em 2023, foram realizados 89 transplantes e neste ano foram feitos dois procedimentos. Infelizmente, a quantidade de famílias que dizem não à doação de órgãos aumentou de 48% em 2022 para 57% em 2023.

A Central de Transplantes de Alagoas tem atuado para reduzir esse índice de recusa familiar para a autorização da doação de órgãos no Estado. ???O primeiro passo para se tornar um doador é decidir se quer continuar salvando vidas e o segundo passo é compartilhar essa decisão com os seus familiares, pois a nossa legislação não permite que seja deixado nada por escrito. Portanto, sensibilizá-los para esse milagre, que é dar vida a outras pessoas, é fundamental???, destacou a coordenadora da Central de Transplante de Alagoas, Daniela Ramos.