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Famílias enfrentam condições precárias e restrições severas na Serra Barriga
Moradores dizem se sentir em um reduto de "escravos" e clamam por soluções urgentes das autoridades

A Serra da Barriga, localizada no município de União dos Palmares, é um marco da resistência negra brasileira. No entanto, para as mais de 40 famílias que vivem na região, a realidade é bem diferente. Os moradores relatam condições precárias de vida, e muitos se sentem como se estivessem em um verdadeiro reduto de "escravos".
Segundo os relatos, as famílias não podem realizar reformas nas casas, muitas delas feitas de taípa, nem plantar ou cuidar da terra devido à vigilância constante dos guardas florestais. De acordo com os moradores, alguns guardas adotam uma postura rígida e até agressiva.
Márcio Paulino, que possui um sítio no Caborge 2, compartilhou sua frustração e fez um apelo para que as autoridades estaduais e federais, como a Fundação Palmares, intervenham. “Como é que a gente vai plantar? Se a gente não pode nem replantar uma banana, nem limpar a terra para plantar macaxeira, batata ou inhame. Fica difícil”, afirmou Paulino.
As condições das moradias também são alarmantes. Sem poder realizar reformas, muitas casas estão em risco de desabamento. Os moradores vivem com o medo constante de que suas moradias desabem sobre eles. Além disso, a construção de banheiros é proibida, forçando as pessoas a atenderem suas necessidades fisiológicas no mato.

Seu Luiz, que vive na região há anos, está sendo processado por desmatamento após cortar “duas linhas” de árvores para substituir a “cumeeira” de sua casa, que estava prestes a cair. A situação é semelhante para outros moradores, que enfrentam processos por tentarem melhorar as condições de suas residências.
Outro grave problema é a falta de água. Muitos moradores precisam caminhar até uma cacimba localizada a cerca de 1 quilômetro de distância para realizar tarefas simples como beber água ou lavar roupas, muitos fazendo o trajeto a pé ou em jumentos.
Dona Maria, uma das moradoras, expressou sua tristeza: "É muito triste morar aqui e não poder dar o melhor para meus filhos. Não tínhamos energia até 14 anos atrás. Foi Deus quem mandou. Ninguém pode cortar madeira, senão vai preso. Não podemos plantar", lamentou.
Como solução, os próprios moradores sugerem utilizar uma área pertencente à antiga Usina Laginha para transferir as famílias. Isso permitiria retomar suas atividades agrícolas e garantir o sustento das famílias, sem as restrições que enfrentam atualmente.
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