O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira (21) que exagerou ao declarar "caguei" sobre uma eventual prisão no contexto do julgamento da suposta trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal), que pode ocorrer ainda este ano.

"Ontem eu exagerei um pouquinho aqui. Falei que estava... assim... em relação a uma possível prisão. Exagerei um pouco", admitiu.

"Mas, de vez em quando, você dá uns coices por aí para mostrar que somos de carne e osso. E a verdade aparece nesses momentos. Como eu disse ontem, poderia muito bem estar do outro lado, mas o lado de vocês não tem preço", completou.

As declarações foram feitas durante o 1º Seminário Nacional de Comunicação do PL, onde Bolsonaro foi o responsável pelo encerramento do evento. O encontro reuniu parlamentares, prefeitos, vereadores e influenciadores do partido.

O tom do ex-presidente foi mais moderado em comparação com o dia anterior. No entanto, ele voltou a mencionar o processo que enfrenta pela acusação de trama golpista. Sem citar diretamente o ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro sugeriu que o objetivo seria afastá-lo da disputa eleitoral.

"Não existe nada, nem mesmo uma mensagem de WhatsApp, nada. Aquilo surpreendeu todos vocês, inclusive. Mas eles querem... Vocês sabem quem é, ele. 'Tirei o cara de combate, vamos acabar com a possibilidade de retorno'. Eleição sem oposição é negação da democracia. Não tenho medo nenhum de enfrentar esses caras nas urnas. Zero", afirmou.

Bolsonaro foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ao STF sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe em 2022. Os crimes mencionados na denúncia podem resultar em penas que somam cerca de 50 anos de prisão.

Ao deixar o evento, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro evitou responder diretamente se teme a prisão do marido. Questionada por jornalistas, ela preferiu fazer uma ironia: "Só o supremo poderoso poderá dizer", disse, em referência a Deus, mas com um trocadilho envolvendo o STF.

Em seu discurso, Michelle também reclamou de perseguições ao ex-presidente e o chamou de "ex e futuro presidente".

Bolsonaro foi declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2023 por oito anos. No entanto, como revelado pela Folha, ele tem insistido publicamente na possibilidade de reverter essa decisão, buscando manter seu capital político em um momento de fragilidade.

Com informações da Folhapress