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Mulheres denunciam impactos da mineração em Craíbas durante Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra

Ato em Alagoas alerta para contaminação de rios, tremores de terra e rachaduras em casas causados pela mineração

As mulheres reafirmam a necessidade de barrar os avanços da mineração predatória na região e defender a vida das populações atingidas - Fotos: Divulgação

Cerca de 300 mulheres trabalhadoras rurais e urbanas realizaram um ato de denúncia na manhã desta quinta-feira (13) contra os impactos da Mineração Vale Verde, localizada em Craíbas, no interior de Alagoas. A mobilização integra a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que ocorre entre os dias 11 e 13 de março em todo o Brasil, com o lema: "Agronegócio é violência e crime ambiental. A luta das mulheres é contra o capital".

As manifestantes alertam para os graves impactos ambientais e sociais causados pela atividade mineradora na região, incluindo contaminação de rios, morte precoce de animais, tremores de terra e rachaduras em casas. Moradores relatam que explosões frequentes, utilizadas no processo de extração mineral, têm gerado insegurança e danos às comunidades vizinhas.

Precedentes de destruição

As mulheres destacam que os impactos da mineração já são conhecidos no Brasil, citando os desastres de Mariana e Brumadinho (MG), causados pela Vale, e o afundamento de bairros em Maceió devido à exploração de sal-gema pela Braskem. Agora, no Agreste alagoano, os sinais de destruição começam a se repetir.

Moradores relatam que o abastecimento de água já foi comprometido em algumas áreas devido à contaminação dos rios, além de animais adoecendo sem explicação. Rachaduras em residências e tremores de terra frequentes têm aumentado o medo de desabamentos e danos maiores.

Luta por justiça ambiental

Para Ana da Hora, da Direção Nacional do MST, o ato é um marco na luta contra os impactos da mineração em Alagoas. "Esse é o primeiro ato organizado pelos movimentos populares denunciando publicamente o que está acontecendo em Craíbas. É essencial alertar a sociedade sobre os danos da mineração e mostrar que precisamos de outro modelo de desenvolvimento para o campo. A Reforma Agrária Popular é a saída para impedir que territórios camponeses sejam entregues a grandes empresas que só enxergam a terra como fonte de lucro e destruição", afirmou.

Durante o ato, as mulheres reforçaram a necessidade de barrar a mineração predatória e defender a vida das populações atingidas. A Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra também reivindica um modelo de desenvolvimento que garanta a permanência das famílias no campo com dignidade, produção de alimentos saudáveis e proteção dos bens naturais.

"Estamos aqui para denunciar e exigir providências. Não aceitaremos que mais um desastre ambiental aconteça sem resistência", declarou uma moradora da região que participou da mobilização.

Sobre a Mineração Vale Verde

Presente na região desde 2007, a Mineração Vale Verde planeja o "Projeto Serrote", que prevê a abertura de uma mina a céu aberto para a produção de concentrado de cobre, com investimento estimado em mais de R$ 700 milhões. O projeto tem gerado preocupação entre as comunidades locais, que temem o agravamento dos impactos ambientais e sociais.

A mobilização reforça o compromisso das mulheres Sem Terra com a luta por justiça social e ambiental, defendendo a Reforma Agrária Popular e a agroecologia como caminhos para um futuro sustentável.