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Do Conclave à fumaça branca: o minucioso ritual para eleger o novo Papa

Conheça o rigoroso processo que reúne 138 cardeais em isolamento total na Capela Sistina para escolher o sucessor de Francisco

Os cardeais reunidos na Capela Sistina para a votação do futuro Papa, em foto de 2013 - Fotos: Reprodução

Com a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica inicia um dos processos mais tradicionais e secretos do mundo religioso: a eleição do novo pontífice. Cabe aos 138 cardeais com menos de 80 anos - incluindo quatro portugueses - a responsabilidade de escolher o líder espiritual de 1,3 bilhão de católicos.

O Conclave (do latim "cum clavis" - fechado à chave) é regido por normas estabelecidas por João Paulo II em 1996. Durante o processo, os cardeais vivem em completo isolamento: sem telefones, internet ou contato com o mundo exterior. Qualuma violação do sigilo pode resultar em excomunhão.

Entre 15 e 20 dias após o falecimento do Papa, os cardeais iniciam o processo com a Missa Pro Eligendo Pontifice. Em seguida, dirigem-se em procissão à Capela Sistina, onde cantam o "Veni Creator Spiritus" e juram segredo absoluto. Com a ordem "Extra omnes", todos os não-eleitores são retirados e as portas são seladas.

O Sistema de Votação

São realizadas até quatro votações diárias. Cada cardeal escreve seu voto à mão, com a frase "Eligo in Summum Pontificem" ("Elejo como Sumo Pontífice"). Para ser eleito, um candidato precisa de 2/3 dos votos. Após cada rodada, as cédulas são queimadas - a fumaça branca anuncia a eleição, a preta indica mais uma votação.

Se após 33 ou 34 votações (cerca de 12 dias) não houver consenso, pode-se adotar a maioria absoluta. O eleito é questionado se aceita o cargo e escolhe seu nome papal. O anúncio é feito com o histórico "Habemus Papam" na sacada da Basílica de São Pedro, seguido da bênção Urbi et Orbi.

Antes do Conclave, os cardeais debatem os desafios da Igreja e traçam o perfil do novo líder: um homem que una habilidades de pastor, teólogo e diplomata, preferencialmente fluente em italiano. A eleição de Francisco em 2013 mostrou que tradições podem ser quebradas - foi o primeiro papa jesuíta e latino-americano.