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Ex-AGU confirma no STF que Bolsonaro sondou forma de reverter eleição de 2022

Bruno Bianco depôs como testemunha em ação sobre suposta trama golpista; ex-presidente teria questionado sobre "problemas jurídicos" nas urnas após derrota eleitoral

Bruno Bianco, ex-advogado-geral da União - Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (29), o ex-advogado-geral da União Bruno Bianco confirmou que o então presidente Jair Bolsonaro o questionou, após as eleições de 2022, sobre possíveis formas jurídicas de reverter o resultado das urnas. O testemunho ocorreu na ação penal que apura suposta trama golpista para manter Bolsonaro no poder.

Bianco afirmou que, em reunião pós-eleição com os três comandantes das Forças Armadas e o então ministro da Defesa, Bolsonaro perguntou: "O senhor vislumbra algum problema que possa ser questionado?". A resposta do ex-AGU foi enfática: "Disse que não, que foi tudo realizado com transparência". Segundo Bianco, o ex-presidente "pelo menos na minha frente, se deu por satisfeito".

Detalhes da reunião:


- Ocorreu em 1° de novembro de 2022
- Presentes: comandantes das três Forças Armadas e ministro da Defesa
- Objetivo: discutir "como havia ocorrido o pleito eleitoral"
- Relato confirma versão anterior do ex-comandante da Aeronáutica

Na mesma sessão, dois ex-ministros de Bolsonaro negaram que reunião ministerial de julho de 2022 tratasse de temas golpistas:

- Wagner Rosário (ex-CGU): "Todas as discussões versavam sobre possíveis fragilidades no sistema de votação eletrônica"
- Adolfo Sachsida (ex-Minas e Energia) também negou conversas sobre golpe

Próximos passos:


- Sexta-feira (30): Depoimentos do governador Tarcísio de Freitas e mais oito testemunhas
- Caso é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes
- Proibição de gravações, mas jornalistas podem acompanhar

A Ação Penal 2668 investiga o núcleo "crucial" do suposto golpe, com Bolsonaro como principal réu. O ex-presidente e sete ex-integrantes de seu governo respondem por tentativa de ruptura da ordem democrática.