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Bolsonaro nega liderar trama golpista em interrogatório e reitera críticas às urnas eletrônicas

Ex-presidente foi ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes no STF e defendeu que questionamentos ao sistema eleitoral são "históricos"

Ex-presidente pediu desculpas a Moraes por acusação de corrupção - Fotos: Valter Campanato/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10) negando as acusações de liderar uma trama golpista após as eleições de 2022. Questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, ele afirmou: "Não procede a acusação, Excelência".

Bolsonaro, no entanto, manteve suas críticas ao sistema eleitoral, alegando que suas suspeitas sobre as urnas eletrônicas não eram exclusivas dele.

Ao ser questionado sobre as acusações de fraude eleitoral sem provas, o ex-presidente citou declarações antigas de outras figuras políticas, como o ministro Flávio Dino e o ex-ministro Carlos Lupi, que também teriam questionado o sistema. "A questão da desconfiança, suspeição ou crítica às urnas não é algo privativo meu", afirmou.

Ele admitiu que pode ter "exagerado na retórica", mas defendeu que seu objetivo era "mais uma camada de proteção" para evitar conflitos eleitorais.

Antes do interrogatório, a defesa de Bolsonaro pediu para exibir vídeos durante a sessão, mas Moraes negou, permitindo apenas que fossem juntados ao processo. Ao chegar no plenário, o ex-presidente comentou: "Não achei nada".

Na segunda-feira (9), outros réus do chamado "núcleo crucial" já haviam deposto, incluindo Mauro Cid e o deputado Alexandre Ramagem.

Blize da PRF

Bolsonaro também negou ter conhecimento sobre a operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022 para barrar a circulação ônibus de eleitores do Nordeste, região que deu mais votos para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno.

"Não tive conhecimento. Eu fiquei sabendo, após o ocorrido, que nenhum eleitor deixou de votar", afirmou.

Qual a acusação contra Bolsonaro e os demais réus?

A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Bolsonaro e mais sete pessoas de integrar uma organização criminosa que tentou romper a ordem democrática após a derrota eleitoral de 2022. Entre os crimes listados estão:

✅ Abolição violenta do Estado Democrático (4 a 8 anos de prisão)

✅ Golpe de Estado (4 a 12 anos)

✅ Organização criminosa (3 a 8 anos)

Os interrogatórios seguem até sexta-feira (13), e o julgamento deve ocorrer ainda em 2025.