» Sociedade

Nova variante da Covid é detectada no Rio de Janeiro e já responde por 62% dos casos sequenciados

Fiocruz confirma circulação da linhagem, classificada pela OMS como "variante sob monitoramento", mas sem indícios de maior gravidade ou escape vacinal significativo

Nova variante do vírus da covid-19 circula na cidade do Rio de Janeiro - Fotos: Tony Winston/Agência Brasília.

O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) confirmou a circulação da variante XFG do SARS-CoV-2 no município do Rio de Janeiro. A linhagem foi identificada em 46 casos diagnosticados entre 1º e 8 de julho, representando 62% dos genomas sequenciados no período. Os resultados foram comunicados à Secretaria Municipal de Saúde e ao Ministério da Saúde, reforçando a importância da vigilância genômica para monitorar a evolução do vírus.


A variante XFG, inicialmente detectada no Sudeste Asiático, foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como "variante sob monitoramento" em 25 de junho. Apesar de apresentar mutações na proteína spike, que podem levar a uma ligeira redução na neutralização por anticorpos, não há evidências de maior gravidade da doença ou impacto relevante na eficácia de vacinas e tratamentos antivirais.

A detecção da XFG no Rio ocorreu após um discreto aumento nos casos de covid-19 em unidades de saúde, o que motivou a ampliação da coleta de amostras para sequenciamento genético. Das 74 amostras analisadas, 46 correspondiam à variante XFG, enquanto uma apresentou a linhagem NB.1.8.1, também sob monitoramento.

A virologista Paola Resende, do IOC e integrante do grupo técnico da OMS, destacou que a nova variante é uma recombinante de outras linhagens e requer atenção, mas não representa um risco elevado. "As vacinas atualizadas contra a JN.1 continuam eficazes, principalmente para prevenir casos graves e óbitos", afirmou.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio reforça a importância da vacinação e de cuidados básicos, como higiene das mãos e uso de máscaras em casos de sintomas respiratórios. Caio Ribeiro, coordenador de vigilância em saúde da SMS, ressaltou que, apesar da predominância da XFG, não houve aumento significativo em hospitalizações ou mortes.

A parceria entre a Fiocruz e a prefeitura permite uma resposta ágil a mudanças no cenário epidemiológico, com treinamento de profissionais, logística de coleta e análise rápida de amostras. "Essa articulação é fundamental para antecipar ações e orientar a população", explicou Ribeiro.

Com a confirmação da circulação da XFG no Rio, o estado se torna o quarto no Brasil a registrar casos da linhagem, após identificações em São Paulo, Ceará e Santa Catarina. A OMS segue monitorando a variante, enquanto as autoridades sanitárias reforçam a necessidade de manter a vacinação em dia e os cuidados preventivos.