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Operação desmantela rede de agiotagem que cobrava juros abusivos e praticava extorsão em Alagoas

Investigação aponta dívida multiplicada de forma ilegal, ameaças contínuas e esquema de lavagem de dinheiro com bens ocultados em nome de familiares

Material apreendido durante contra agiotagem - Fotos: Ascom PCAL

A Polícia Civil de Alagoas (PCAL) realizou, nas primeiras horas desta quinta-feira (27/11), uma ação simultânea em Palmeira dos Índios e Maceió para desarticular um grupo responsável por extorsão, agiotagem e lavagem de dinheiro no interior do estado. A ofensiva, denominada Operação Juros de Sangue, resultou na prisão de um homem de 56 anos em um prédio na Ponta Verde, capital alagoana.

A ação mobilizou equipes da 5ª Delegacia Regional de Palmeira dos Índios, Diretoria de Inteligência Policial, Oplit, Grupo Especial de Apoio à Investigação e o Serviço Aeropolicial. De acordo com o delegado Rodrigo Temóteo, a investigação aponta que o esquema funcionava havia cerca de um ano e meio e teve início após a vítima recorrer a empréstimos informais de R$ 20 mil.

Segundo a polícia, o suspeito elevou a dívida para muito além do valor original ao impor reajustes arbitrários e juros desproporcionais. Mesmo após pagar mais de R$ 45 mil durante o período investigado, a vítima continuava presa ao ciclo de cobranças, marcado também por ameaças, coação psicológica e novas exigências de contratação de empréstimos.

O clima de intimidação teria se intensificado quando um homem invadiu a casa da vítima durante a madrugada, afirmou estar armado e destruiu dois veículos da família. A polícia identificou que o carro usado na fuga era de uso frequente do principal investigado. O prejuízo causado ultrapassa R$ 90 mil, sem incluir danos morais.

A investigação ainda revelou movimentações financeiras suspeitas, uso de contas bancárias de terceiros e ocultação de patrimônio, com veículos e bens registrados em nomes de parentes para mascarar a origem do dinheiro. A Justiça autorizou dez mandados: um de prisão preventiva, seis de busca em imóveis ligados ao grupo e três de apreensão de veículos.

A operação reteve carros avaliados em aproximadamente R$ 560 mil e determinou o bloqueio de R$ 331 mil em contas, totalizando quase R$ 890 mil em bens constritos. Os valores ficarão à disposição da Justiça para ressarcimento da vítima e eventual perda de patrimônio obtido de forma ilícita.