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Estágio 4: Paulo Dantas escolheu não mexer na direção da Sesau ao nomear interino
Nomeação ocorre após a Operação Estágio IV e mantém sob investigação contratos licitados pela própria estrutura administrativa da Secretaria de Saúde
A nomeação do advogado Emanuel Barbosa como secretário interino da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) ocorre em meio à Operação Estágio IV, deflagrada pela Polícia Federal, mas não representa mudança prática no eixo das investigações. Isso porque, de acordo com a própria PF, contratos licitados e executados pela pasta seguem sob apuração, independentemente da troca no comando administrativo.
A substituição foi oficializada por meio da Portaria nº 105.863, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), após o afastamento do então secretário Gustavo Pontes de Miranda, determinado por decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5). O afastamento, pelo prazo de 180 dias, ocorreu no mesmo dia em que o governo estadual foi formalmente comunicado sobre a operação policial.
Antes de assumir interinamente a Sesau, Emanuel Barbosa já ocupava um cargo estratégico dentro da estrutura da secretaria, atuando como Gerente Executivo de Licitação. Ele possui histórico de atuação na gestão de contratos administrativos, elaboração de fluxos internos e padronização de procedimentos, além de ter integrado o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e a Câmara Técnica de Direito Sanitário.
Apesar do discurso oficial de continuidade administrativa e garantia da assistência à população, a Polícia Federal investiga justamente contratos emergenciais e licitados firmados pela Sesau entre 2023 e 2025. As apurações apontam indícios de favorecimento em contratações que somam quase R$ 100 milhões, envolvendo uma empresa fornecedora de material hospitalar e uma construtora, com pagamentos de vantagens indevidas a investigados.
A investigação também alcança o desvio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de ressarcimentos superdimensionados de consultas e procedimentos médicos que não teriam sido realizados. Apenas esse núcleo da apuração indica prejuízo superior a R$ 18 milhões, incluindo pagamentos incompatíveis com a capacidade operacional de clínicas privadas.
Segundo a PF, os valores desviados teriam sido pulverizados por meio de transferências bancárias, saques em espécie e pagamentos indiretos, caracterizando um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial. Parte dos recursos públicos teria sido utilizada na aquisição de imóveis registrados em nome de terceiros, como uma pousada em Porto de Pedras, avaliada em R$ 5,7 milhões, além do custeio de viagens internacionais e despesas pessoais.
Diante do avanço das investigações, o Governo de Alagoas anunciou a criação de uma comissão especial formada pelo Gabinete Civil, Controladoria-Geral do Estado e Procuradoria-Geral do Estado, com a missão de acompanhar o caso e colaborar com os órgãos de controle.
Em nota oficial divulgada em 16 de dezembro de 2025, o Executivo estadual afirmou que não compactua com irregularidades envolvendo recursos da saúde e reforçou o compromisso com a transparência e a colaboração institucional. No entanto, conforme indicam as investigações federais, a mudança no comando da Sesau não altera o foco da apuração, que permanece centrado em contratos licitados e executados no âmbito da própria secretaria.
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