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Vítimas da Braskem em Maceió denunciam assédio processual à Defensoria Pública

Mineradora é acusada de intimidar cidadãos que protestaram contra a empresa em Maceió

Vítimas da Braskem em Maceió denunciam assédio processual à Defensoria Pública - Fotos: Assessoria

Vítimas da Braskem em Maceió denunciaram à Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) uma situação de assédio processual promovida pela mineradora. De acordo com informações apuradas pela instituição, a Braskem processou alguns cidadãos que supostamente participaram de protestos contra a empresa.

Entre as medidas requeridas pela mineradora, está a proibição desses cidadãos de circularem em um raio de até 10 km de qualquer uma das sedes ou escritórios da empresa. Para a Defensoria Pública, a situação configura um claro caso de abuso de direito e assédio

“Na realidade, a prática da Braskem lembra o lawfare, que nada mais é que o uso ou manipulação das leis e procedimentos legais como instrumento de combate e intimidação a um oponente com a finalidade de eliminar seus direitos e ‘cacelá-lo’ nos movimentos. Veja que, dentre inúmeros legítimos manifestantes, a Braskem escolhe a dedo os que pretende colocar como réus e, através deles, intimidar todas as suas vítimas para desencorajá-las a continuar buscando seus direitos”, afirma Ricardo Melro.

Diante dessa situação, Melro informou que a DPE deve ingressar no processo para atuar não só na defesa individualizada dos cidadãos processados, por meio de seus núcleos de Contestação e Acompanhamento Processual, mas também por meio do Núcleo de Proteção Coletiva, na condição de custos vulnerabilis, ou seja, como guardião dos direitos das vítimas da tragédia geológica que se encontram em situação de vulnerabilidade.

O Defensor Público Lucas Monteiro Valença afirmou que a Defensoria Pública também está considerando ingressar com uma ação contra a Braskem para garantir uma justa compensação legal diante do assédio que os moradores têm enfrentado.

“Há claros indícios de que os cidadãos processados foram selecionados pela Braskem como forma de intimidar os demais a permanecerem silentes. As supostas condutas ilegais dos réus da ação movida pela Braskem não foram minimamente individualizadas, sendo que alguns sequer estavam em Maceió no momento da suposta violação. Além disso, todos eles ocupam posição de destaque na luta pelos direitos das vítimas, o que demonstra o claro assédio processual a que os réus estão sendo submetidos”, explicou ele.

A reunião contou com a presença do Coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva, o Defensor Público Ricardo Antunes Melro, do Coordenador do Núcleo de Causas Atípicas, o Defensor Público Fernando Rebouças de Oliveira, e do Defensor Público Lucas Monteiro Valença.

*Com Assessoria