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Passageiro que escapou de acidente em União dos Palmares diz que motorista não conhecia trajeto

Testemunha detalha momentos antes da queda e revela que o motorista perdeu o controle do veículo ao desligá-lo

Acidente na Serra da Barriga registrou 18 mortos - Fotos: Samu/Divulgação

A Polícia Civil de Alagoas (PCAL) iniciou, na manhã desta terça-feira (26/11), a oitiva das testemunhas do trágico acidente que resultou na morte de 18 pessoas, na Serra da Barriga, na cidade de União dos Palmares, no último domingo (24). O primeiro a ser ouvido foi Matheus Lopes, um dos passageiros que escapou do acidente.

O jovem, que trabalha na Secretaria Municipal de Cultura, conseguiu descer do ônibus cerca de um minuto antes da queda do veículo, que despencou em uma ribanceira de mais de 400 metros de altura. Ele revelou à polícia que o motorista, Luciano de Queiroz Araújo, de 47 anos, não conhecia o trajeto da Serra da Barriga.

Conforme relato do sobrevivente, o condutor, que faleceu no acidente, teria questionado durante a viagem onde ficava o local de destino e se estavam próximos ao final do percurso. O passageiro disse que, no momento do acidente, o ônibus perdeu a tração enquanto subia o trecho final da serra. O motorista, então, teria desligado o veículo, o que fez com que os freios falhassem e a direção fosse perdida.

Matheus explicou que Luciano tentou recuar o ônibus, pedindo aos veículos que vinham atrás que subissem e o ultrapassassem. Ele acreditava que, dessa forma, conseguiria engatar a primeira marcha e concluir a subida. No entanto, ao desligar o motor, o motorista provavelmente perdeu o controle do veículo, resultando na tragédia.

O delegado responsável pelas investigações, Guilherme Iusten, afirmou que os depoimentos estão sendo cuidadosamente analisados e que os relatos de Matheus serão confrontados com os laudos periciais. "Ainda é muito prematuro a gente ter certeza disso. Também vamos confrontar esses relatos com os laudos técnicos e periciais, com relação ao desligamento ou não do veículo", disse.

Além das testemunhas sobreviventes, a Polícia Civil também ouvirá o proprietário do ônibus, representantes da empresa responsável pelo transporte e a esposa do motorista, além dos profissionais que realizaram as vistorias nos últimos meses. A investigação tentará esclarecer as condições do veículo, que, segundo a polícia, passava por inspeção semestral por uma empresa privada.

O delegado Iusten destacou, ainda, que os dois últimos vistoriadores do ônibus já foram intimados e serão ouvidos em breve, a fim de detalhar os itens verificados durante as inspeções.