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Municípios alagoanos fraudaram dados do EJA, segundo CGU

Girau do Ponciando e Olho D'Água Grande foram destaque em reportagem do Fantástico neste domingo (23)

Município de Girau do Ponciano teria inscrito no EJA o equivalente a 35% da população da cidade - Fotos: Reprodução/TV Globo

Dois municípios alagoanos foram destaque negativo na mídia nacional este domingo (23), com a suspeita de fraude no volume de alunos matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em 2022, segundo relatório da Controladoria Geral da União (CGU).

A equipe de jornalismo d Fantástico, da Rede Globo, teve acesso ao relatório da CGU que mapeou as suspeitas de fraude em 35 municípios em 13 estados. Em Girau do Ponciano, no agreste alagoano, município com 36 mil pessoas segundo os dados do IBGE, tinha mais de 12 mil alunos matriculados na EJA em 2022. Isso é praticamente 35% da população.

Segundo os dados do CGU, esse é o terceiro maior número de alunos nessa modalidade de ensino no país, perdendo apenas para capitais São Paulo e Rio de Janeiro.

De acordo com o relatório, estima-se que existam mais de 3 mil alunos fantasmas em Girau: pessoas matriculadas na cidade e em outros locais ao mesmo tempo e pessoas mortas sem nenhuma falta, com notas e aprovação.

O prefeito de Girau é Bebeto Barros (PP), que era vice na gestão passada, quando foi feita a lista. Segundo a CGU, a cidade teria recebido de forma indevida R$ 18,5 milhões. Procurado, o prefeito não atendeu a reportagem.

Em nota, a prefeitura disse que vai abrir uma investigação interna para apurar eventuais irregularidades.

No município de Olho d'Água Grande, a prefeitura informou ao MEC que 106 alunos se matricularam na EJA em uma pequena escola no povoado de Gravatá, mas moradores afirmam que o número nunca passou de 30.

A lista de alunos incluía pessoas falecidas, como o filho do Sr. José, Cícero, que morreu em um acidente de moto em 2022, e não morava na cidade.

A prefeita é Suzy Higino (PP), que também não estava na prefeitura.

A coordenadora pedagógica Claudirene Cordeiro explicou que todos os alunos matriculados na EJA regular também fizeram a EJA profissionalizante.

No entanto, a CGU constatou que a cidade não conseguiu comprovar a realização dos cursos e recebeu indevidamente mais de 3 milhões de reais de verba pública. A prefeitura justificou que os cursos não foram realizados devido à chuva e encaminhou fotos dizendo que foram realizados no ano seguinte.

No Brasil, sessenta e oito milhões de brasileiros não concluíram nem a educação básica no país, um número alarmante. A fiscalização dos dados dos inscritos no EJA é de responsabilidade das comissões instituídas em cada município.

Em 2022, as prefeituras receberam, em média, R$ 5 mil por cada aluno matriculado na EJA. 

Com informações do Fantástico