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PF Desmantela grupo de extermínio que usava drones e prostitutas para espionar autoridades

Operação revela esquema com tabela de preços para vigiar ministros do STF, senadores e deputados; 7ª fase investiga venda de sentenças judiciais

Grupo de extermínio cobrava para espionar ministros - Fotos: Polícia Federal/Divulgação

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (28) a sétima fase de uma operação que desmantelou um sofisticado grupo criminoso especializado em espionagem e extermínio. Batizado de "Comando C4" (Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos), a organização utilizava métodos high-tech como drones e até prostitutas como agentes de vigilância para monitorar autoridades públicas. A investigação, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin do STF, teve origem no assassinato do advogado Roberto Zampieri em Mato Grosso, cujo celular continha provas cruciais sobre um esquema de venda de decisões judiciais.

Os investigadores descobriram que o grupo mantinha uma detalhada tabela de preços para serviços de espionagem, cobrando R$ 250 mil para monitorar ministros do STF, R$ 150 mil para senadores e R$ 100 mil para deputados. A organização contava com a participação ativa de militares da ativa e da reserva, além de civis, que atuavam em uma complexa rede de vigilância ilegal e execuções sob demanda. Nesta fase, a PF cumpriu cinco mandados de prisão contra integrantes da estrutura criminosa.

Entre os alvos de interesse do grupo estava o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cujo nome apareceu em anotações apreendidas. Em nota oficial, Pacheco expressou repúdio às ações do grupo e defendeu a apuração rigorosa dos fatos: "Externo meu repúdio em razão da gravidade que representa à democracia a intimidação a autoridades no Brasil", afirmou o parlamentar, destacando a necessidade de fazer prevalecer a lei e a ordem.

A operação representa um desdobramento das investigações sobre tráfico de influência em tribunais de Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). As provas encontradas no celular de Zampieri revelaram negociações envolvendo juízes de diversos tribunais e até gabinetes de ministros do STJ, expondo um esquema organizado de venda de sentenças. A descoberta do "Comando C4" ocorreu justamente durante as investigações desse esquema, revelando uma conexão perigosa entre corrupção no Judiciário e grupos de extermínio.