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Brasil manifesta "indignação" em carta oficial sobre tarifas dos EUA

Governo brasileiro critica medida que impõe 50% de taxação sobre exportações e alerta para risco à relação bilateral

Itamaraty e MDIC enviaram carta às autoridades norte-americanas - Fotos: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil/Arquivo

O governo brasileiro enviou uma carta oficial ao governo dos Estados Unidos expressando "indignação" pela decisão de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1° de agosto. O documento, assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi endereçado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante comercial Jamieson Greer.


No texto, as autoridades brasileiras destacam que a medida terá impacto "muito negativo em setores importantes de ambas as economias", ameaçando uma parceria comercial histórica que já dura dois séculos. O governo brasileiro ressaltou ainda que, apesar de o país acumular um déficit comercial de aproximadamente US$ 410 bilhões com os EUA nos últimos 15 anos, manteve diálogos em boa fé para aprimorar as relações bilaterais.

A carta menciona uma proposta confidencial enviada pelo Brasil em 16 de maio de 2025, com sugestões para resolver as divergências comerciais, e cobra uma resposta formal dos Estados Unidos. "O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável", afirma o documento.

A imposição das tarifas, anunciada em 9 de julho, tem sido justificada pelo governo norte-americano como uma resposta a supostas práticas comerciais desleais do Brasil, incluindo críticas a medidas relacionadas ao comércio eletrônico e à proteção de propriedade intelectual. O Itamaraty e o MDIC, no entanto, argumentam que a decisão foi tomada sem considerar os esforços brasileiros para resolver as disputas por meio de negociações.

Analistas avaliam que a carta reflete a preocupação do Brasil em evitar uma escalada das tensões comerciais, que podem afetar setores estratégicos como o agronegócio e a indústria. Enquanto aguarda uma resposta dos EUA, o governo brasileiro sinaliza que continuará buscando alternativas diplomáticas para reverter a medida ou minimizar seus impactos.

Com informações da Agência Brasil.