» Sociedade

Família contesta laudo e acusa PM de abuso em morte de jovem durante carnaval em Taquarana

Polícia Civil concluiu que Jéssica de Andrade, de 26 anos, morreu por doença cardíaca, mas parentes alegam uso desproporcional de spray de pimenta

Família contesta laudo e acusa PM de abuso em morte de jovem durante carnaval em Taquarana - Fotos: Reprodução

A morte de Jéssica de Andrade Silva, 26 anos, ocorrida na madrugada de 2 de março de 2025, durante as festividades de carnaval em Taquarana, no agreste alagoano, tornou-se motivo de polêmica e questionamentos. Familiares e testemunhas acusam a Polícia Militar de ter agido de forma desproporcional, utilizando spray de pimenta contra a jovem, que se divertia com parentes e amigos na Avenida Senador Rui Palmeira, em frente à quadra escolar Professora Maria Lúcia da Silva.

Segundo relatos apresentados pela defesa da família, Jéssica passou mal após a exposição ao gás, entrou em estado crítico e não resistiu. Mãe de um menino de 12 anos, ela teria sido vítima de uma ação abusiva e evitável.

Apesar das denúncias, a Polícia Civil de Alagoas concluiu a investigação descartando a responsabilidade policial. Em relatório divulgado em 5 de junho, o delegado Thomaz Acioly Wanderley Filho apontou que a morte decorreu de enfermidade cardíaca preexistente, sem indícios de crime, violência ou omissão dos agentes.

O laudo toxicológico, que poderia indicar se havia substâncias no organismo da vítima, não foi apresentado até o momento, mesmo após quase cinco meses da ocorrência. Para a defesa da família, conduzida pelo advogado Luiz Lessa, a apuração teve falhas graves. Ele questiona a demora para a abertura do inquérito e critica a ausência de diligências essenciais.

“É de causar estranheza que, mesmo com repercussão nacional, a investigação só começou dias depois. Se não fosse a defesa levar testemunhas, a polícia teria ouvido apenas os próprios acusados. O IML não descartou a influência indireta do gás de pimenta na descompensação clínica que causou o óbito”, destacou o advogado.

A irmã de Jéssica, que presenciou os fatos, também refuta a versão oficial e responsabiliza diretamente os policiais pelo uso do spray que, segundo ela, levou à morte precoce da jovem. Indignada, a família promete continuar em busca de responsabilização. “É triste, mas vamos lutar para que a truculência que ocorreu com essa jovem não seja esquecida e que possamos alcançar a justiça”, reforçou o advogado.

Enquanto isso, amigos e parentes seguem mobilizados em Taquarana, cobrando respostas e reivindicando que a morte de Jéssica não seja tratada como um episódio sem culpados.