A proposta apresentada na Câmara Municipal de União dos Palmares reacendeu a disputa política entre grupos locais e gerou revolta entre moradores e entidades culturais. A iniciativa, liderada pelo vereador Ricardo Praxedes, propõe a retirada do nome “Zumbi dos Palmares” da sede da Prefeitura, atualmente denominada Palácio Zumbi dos Palmares, para restabelecer o nome antigo, “Palácio Antônio Gomes de Barros”.

O jornalista Ricardo Gomes, do portal O Alagoano, comentou que a proposta causou confusão e indignação entre os moradores, já que muitos acreditavam que um projeto de lei havia sido aprovado — quando, na verdade, tratava-se apenas de uma indicação, sem poder legal para alterar a denominação de um prédio público. “Os vereadores jogaram essa responsabilidade sobre o prefeito Júnior Menezes, o que é estranho, pois eles próprios poderiam ter proposto o projeto de lei”, observou o comunicador.

Em sua defesa, Praxedes afirmou que a medida não busca apagar o legado de Zumbi dos Palmares, mas reconhecer figuras que também tiveram importância histórica no município. “Reconhecemos o legado de Zumbi como símbolo de resiliência e liberdade. Contudo, não há necessidade de apagar da nossa história autoridades que tiveram relevância política no Estado, como fez a antiga gestão”, declarou o vereador, em referência ao ex-prefeito Areski Freitas.

Praxedes argumentou ainda que irá propor, na próxima semana, a criação da Medalha Zumbi dos Palmares, como forma de “reafirmar o reconhecimento ao líder quilombola”. A proposta, porém, não foi bem recebida nas redes sociais — muitos internautas ironizaram a iniciativa, dizendo que a medalha poderia, ao contrário, homenagear Antônio Gomes de Barros, cujo nome se pretende colocar na fachada da Prefeitura.

O ex-prefeito de União dos Palmares, Areski Freitas, foi um dos primeiros a se manifestar contra a proposta, classificando-a como um “retrocesso simbólico”. Ele destacou que a homenagem a Zumbi representa a identidade e a história da cidade. “Zumbi é herói nacional. Colocar seu nome no prédio principal da cidade é reconhecer nossa própria origem”, afirmou o ex-gestor em vídeo publicado nas redes sociais.

A reação também veio da vice-prefeita Samires Ulisses e da Associação ADAPO Muquém, entidade cultural reconhecida pelo Ministério da Cultura, que emitiram notas de repúdio. Para elas, a proposta é um desrespeito à memória afro-brasileira, especialmente por ocorrer no mês da Consciência Negra. “Preservar o nome Zumbi dos Palmares é preservar nossas raízes e o respeito à história que faz de União um marco da liberdade no Brasil”, declarou Samires.