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Tragédia na Serra da Barriga completa um ano e mantém dor viva entre as famílias das vítimas

Acidente que deixou 20 mortos em União dos Palmares marcou a história do município e segue presente na memória dos moradores

Retirada do ônibus acidentado na Serra da Barriga, em União dos Palmares - Fotos: Gustavo Lopes/O Alagoano

Nesta segunda-feira (24/11), União dos Palmares relembra a data que marcou para sempre a história da cidade. Há exatamente um ano, o acidente com um ônibus escolar na subida da Serra da Barriga deixou 20 mortos e ao menos 28 feridos, tornando-se uma das maiores tragédias já registradas no município. O episódio, porém, segue cercado por questionamentos e lacunas que ainda inquietam familiares das vítimas e a população.

O ônibus, cedido pela Prefeitura para levar 48 pessoas ao evento “Pôr do Sol na Serra”, caiu em uma ribanceira após perder o controle na curva. O choque da notícia mobilizou o estado e comoveu o país inteiro. Mas, passado um ano, parte essencial da história permanece sem explicação consistente — especialmente para quem perdeu pais, filhos, irmãos e amigos.

Em julho deste ano, um laudo da Polícia Científica descartou falhas mecânicas nos sistemas de freio, suspensão, transmissão e pneus do veículo. No mesmo período, a Polícia Civil concluiu o inquérito atribuindo o acidente a provável erro de condução do motorista — que morreu na tragédia — e decidiu não indiciar ninguém. O caso foi oficialmente encerrado.

Apesar disso, o próprio inquérito aponta inconformidades: o veículo comportava apenas 37 passageiros, mas seguia viagem com 48 pessoas a bordo. Além disso, já havia ultrapassado o limite de idade permitido pelo Detran/AL para operar como transporte escolar, informação que reacendeu cobranças por responsabilidade administrativa.

Ao longo de 2025, o tema foi discutido em audiência pública promovida pelo Ministério Público de Alagoas (MPAL), onde familiares relataram falta de assistência adequada, ausência de acordos de indenização e silêncio do poder público. Para muitos, a sensação é de abandono e impunidade.

A dor permanece viva nas famílias que lutam para transformar o luto em memória e justiça. O vereador Manoel Messias, que perdeu quatro parentes no acidente, resumiu o sentimento em uma mensagem de homenagem.

"Hoje, 24/11/2025, União dos Palmares vê completar exatamente um ano da maior tragédia automobilística de sua história. A dor é permanente, pois o vazio é quase eterno. Não fiquei apenas com quatro cicatrizes pela perda dos meus familiares, mas com vinte — as lacunas deixadas pelos irmãos palmarinos que partiram. O mundo viu, mas quem sentiu de verdade fomos nós, os familiares. Continuaremos sentindo, mas Deus é fiel, verdadeiro e justo", escreveu ele nas redes sociais.