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Especialista aponta que regiões de Maceió enfrentarão tremores e rachaduras por uma década

Três técnicos que acompanham os efeitos do afundamento de solo na capital alagoana falaram sobre negligência e impactos.

Na última terça-feira (5/3), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem deu voz a três especialistas que trouxeram à tona aspectos importantes relacionados à situação em Maceió. Dentre os participantes, destacou-se o doutor em ecologia e ex-secretário executivo de controle da poluição de Alagoas, José Geraldo Marques.

Durante sua fala, o ecologista enfatizou que determinadas áreas da capital alagoana enfrentarão, nos próximos 10 anos, o desafio de conviver com rachaduras e tremores, até que uma possível estabilidade, respaldada pela ciência, se estabeleça. "Mas pelos próximos 10 anos teremos que conviver", ressaltou.

Outro depoente, o professor Abel Galindo Marques, apresentou dados técnicos sobre a condição do solo na capital alagoana, destacando que as fissuras decorrentes da exploração na região são observadas desde 2008. "Comecei a suspeitar que fosse a mineração, mas não tinha certeza absoluta, até porque não é fácil acusar uma empresa poderosa como a Braskem. Só fiz a acusação em 2018 e foi aí que me chamaram de louco", declarou.

Por fim, Natallya de Almeida Levino compartilhou os resultados preliminares de sua pesquisa na UFAL sobre os impactos da tragédia nas dimensões econômica, social e ambiental. A pesquisadora ressaltou que, embora o levantamento ainda esteja em andamento, já é possível colher dados significativos para compreender como o colapso afeta a vida dos desalojados.

???Houve um comprometimento financeiro depois da desocupação dos bairros, e isso é fato. Além dos fatores econômicos, é importante lembrar dos fatores sociais. Então, existe a frustração, mesmo que a indenização os contemplasse financeiramente, mas foi forçada. As pessoas se sentem frustradas???, pontuou.