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Desembargador visita famílias desabrigadas em Messias e critica reintegração de posse
Após reintegração de posse, Tutmés Airan pede apoio do Executivo para garantir moradia digna aos desabrigados
O coordenador de Direitos Humanos e do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), desembargador Tutmés Airan, visitou famílias agricultoras despejadas na cidade de Messias, após uma ordem de reintegração de posse em favor da Usina Utinga Leão.
Desde 22 de outubro, os trabalhadores rurais estão alojados temporariamente em uma escola do município, enfrentando dificuldades e denunciando que a situação relatada pela Usina, que descreveu muitos dos despejados como donos de chácaras de luxo, não reflete a realidade vivida.
Durante a visita aos povoados de Lajêdo e Esperança, o desembargador constatou a devastação das propriedades e o sofrimento das famílias. “O que constatei aqui foi muita devastação e muita dor. O resultado muito ruim de uma reintegração de posse que, na verdade, produziu muita injustiça”, afirmou.
"O que vi aqui, no geral, é um povo trabalhador que sobrevivia daqui dignamente. Plantando, colhendo, tentando tocar sua vida. E hoje, essas pessoas, enfim, sequer têm onde morar. Foi uma restituição de posse que, na verdade, produziu um resultado injusto: deu mais riqueza a quem já é rico, e o pobre ficou ainda mais pobre”, ascrescentou Tutmés.
Embora a usina tenha disponibilizado 2 hectares de terra para os que considera vulneráveis, os moradores destacam que a área é insuficiente para todos. Entre os bens destruídos na ação estão imóveis como capelas, igrejas e até terreiros religiosos. Restos da imagem de uma santa foram encontrados em meio aos destroços, evidenciando a falta de tempo para que as famílias se preparassem.
"Vivíamos aqui com a esperança de viver a vida inteira. Aí chega um mandado na porta, de repente, de uma hora para outra, dizendo 'sai, sai' e é despejado. E eu disse ''espera aí, minha gente, deixa eu tirar pelo menos os cacos que tenho dentro de casa'. E ele disse 'você quer que a gente derrube a casa com você dentro?'", relatou um dos ex-moradores, Ezequiel Lima.
Durante a visita, Tutmés Airan reconheceu que, do ponto de vista jurídico, não há mais possibilidade de reverter a decisão judicial. No entanto, ele destacou a importância de uma mobilização política para minimizar o sofrimento das famílias e encontrar uma solução para elas.
"Não é possível, em nome da propriedade, relegar pessoas à condição de miserabilidade dessa forma. No entanto, juridicamente não há mais o que ser feito. A luta agora é política, na busca de pessoas e autoridades do Poder Executivo que compreendam a gravidade dessa situação e encontrem uma alternativa para essas famílias, para que voltem a vislumbrar um futuro em um local de moradia e que possam plantar. Não vejo outra alternativa, nesse caso, que não seja, a desapropriação”, concluiu.
*Com informações da Assessoria
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