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Trabalhador poderá pedir demissão com indenização por sofrimento psicológico

Proposta aprovada na Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência inclui nova causa de rescisão indireta na CLT

Trabalhador poderá pedir demissão com indenização por sofrimento psicológico - Fotos: Reprodução

A Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados aprovou uma proposta que representa um avanço significativo na proteção à saúde mental dos trabalhadores brasileiros. O Projeto de Lei 3324/24, de autoria do deputado Jonas Donizette (PSB-SP), permite que o empregado que estiver submetido a condições de trabalho que causem sofrimento psicológico possa pedir demissão e receber indenização da empresa — o que caracteriza a chamada rescisão indireta do contrato de trabalho.

Pelo texto aprovado, será necessário apresentar um laudo médico que comprove o sofrimento psicológico como resultado do ambiente de trabalho. No entanto, essa exigência será dispensada quando o empregado for pessoa com deficiência, reconhecendo a vulnerabilidade desse grupo e assegurando maior facilidade de acesso ao direito.

O relator da proposta, deputado Sargento Portugal (Pode-RJ), defendeu a inclusão da medida diretamente no trecho da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que trata dos direitos dos trabalhadores. Segundo ele, esse posicionamento busca impedir que a nova regra seja flexibilizada ou retirada por meio de convenções ou acordos coletivos.

Hoje, a CLT já prevê a possibilidade de rescisão indireta quando o empregado é submetido a situações como:

• Exigência de serviços superiores às suas forças;
• Descumprimento de obrigações contratuais por parte do empregador;
• Rigor excessivo ou tratamento ofensivo por superiores;
• Perigo manifesto de mal considerável;
• Ato lesivo à moral ou à reputação do trabalhador ou de sua família;
• Agressões físicas, exceto em legítima defesa.

A inclusão do sofrimento psicológico como causa para esse tipo de demissão busca alinhar a legislação às crescentes demandas por ambientes laborais mais saudáveis e seguros emocionalmente. O projeto também contribui para o debate sobre saúde mental no mercado de trabalho, especialmente em contextos de assédio moral, sobrecarga de tarefas e pressão excessiva por resultados.

A proposta tramita em caráter conclusivo e ainda será analisada pelas comissões de Saúde; de Trabalho; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se aprovada em todas as etapas, seguirá para votação no Senado e, em seguida, poderá ser sancionada para entrar em vigor como lei.

*Com informações da Agência Câmara