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Fraudes no INSS: esquema bilionário envolve políticos de 6 partidos em governos Lula e Bolsonaro

Investigação de R$ 6,3 bi em descontos ilegais de aposentados atinge PDT, PSD, PSB, PT, PL e Republicanos; ex-ministros e familiares de Lula aparecem nas apurações

Operação da PF e da CGU identificou descontos não autorizados em benefícios pagos pelo INSS - Fotos: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A investigação do esquema de R$ 6,3 bilhões em descontos ilegais de benefícios do INSS atingiu políticos de seis partidos com atuação em governos petistas e bolsonaristas. Relatórios da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelam conexões com PDT, PSD, PSB, PT, PL e Republicanos – incluindo ex-ministros, parlamentares e até familiares do presidente Lula.

O caso, revelado inicialmente pelo Metrópoles em 2023, levou à queda do então ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) e do presidente do INSS Alessandro Stefanutto (ex-PSB). Ambos foram acusados de omissão após alertas sobre irregularidades. Lupi deixou o cargo após pressão política, enquanto Stefanutto foi afastado pela Justiça – em seu mandato, as fraudes atingiram o ápice.

PDT no centro da crise

O partido sofreu o impacto mais imediato: além de Lupi, seu número dois Wolney Queiroz (que assumiu interinamente a Previdência) havia aprovado em 2021 uma prorrogação suspeita para entidades investigadas. A bancada do PDT na Câmara rompeu com o governo, mas senadores como Weverton Rocha (MA) mantiveram apoio.

PSB e PT na mira

O PSB viu seu ex-affiliado Stefanutto ser vinculado a anotações de propina (como "Stefa 5%") em cadernos do lobista "Careca do INSS". Já o PT enfrenta desgaste pela ligação da Contag – que arrecadou R$ 2 bi com descontos – com o deputado Carlos Veras (PE), irmão do presidente da entidade. O ministro Paulo Teixeira (PT) se reuniu com a Contag durante as investigações, mas omitiu o encontro da agenda oficial.

Família Lula envolvida

Frei Chico, irmão do presidente, é vice do Sindnapi – terceira entidade em arrecadação ilegal (R$ 100 milhões em 3 anos). Apesar de não ser filiado ao PT, sua atuação ampliou o constrangimento ao Planalto.

Herança bolsonarista

Do lado da oposição, o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) recebeu doação de R$ 60 mil do então presidente da Amar Brasil (uma das investigadas) durante sua campanha ao governo do RS em 2022. Já o PSD viu seu ex-ministro José Carlos Oliveira citado por transações suspeitas de um assessor ligado a entidades fraudadoras.

Republicanos na teia

O Republicanos, um dos partidos do Centrão, também tem um representante entre as pessoas ligadas ao escândalo do INSS. Uma das entidades investigadas pela PF, a CBPA tem como presidente Abraão Lincoln, que já comandou o partido no Rio Grande do Norte e foi candidato a deputado federal pela legenda em 2018.

Lincoln ainda mantém relação com políticos do Republicanos, tanto figuras regionais como nacionais. Neste ano, ele esteve, inclusive, no aniversário do presidente nacional da legenda, o deputado Marcos Pereira.

Após o evento, ele publicou foto com o deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e declarou apoio presencialmente a Hugo Motta (Republicanos) na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, em novembro de 2024.

Segundo a PF, a CBPA não tinha associados em 2022, quando firmou seu acordo com o INSS para poder efetuar descontos de mensalidade de aposentados. No ano seguinte, já eram mais de 340 mil, resultando em uma arrecadação anual de R$ 57,8 milhões.

Próximos passos


A AGU já pediu o bloqueio de R$ 2,56 bi em bens de investigados. Enquanto o governo tenta vincular o esquema ao período Bolsonaro, auditorias mostram que repasses ilegais explodiram em 2023 – sob gestão petista.

*Com as informações do portal Metrópoles