O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou em depoimento nesta segunda-feira (9) que recebeu do general Walter Braga Netto uma sacola de vinho contendo dinheiro em espécie. O valor seria destinado ao major Rafael de Oliveira, integrante dos "Kids Pretos", esquadrão de elite do Exército.

Cid, que atua como delator nas investigações sobre a suposta trama golpista, afirmou não saber a origem exata do dinheiro nem o montante entregue. No entanto, sugeriu que os recursos poderiam vir de apoiadores do agronegócio, que estariam financiando manifestações pró-Bolsonaro em frente a quartéis após as eleições de 2022.

"Provavelmente, pelo que a gente sentia das manifestações, era o pessoal do agronegócio que estava ajudando a manter os atos", declarou.

Durante o interrogatório, Cid afirmou que o general Braga Netto – ex-ministro de Bolsonaro e vice em sua chapa em 2022 – era o responsável por repassar informações sobre as mobilizações dos apoiadores do ex-presidente.

"Quem trazia informações atualizadas era o general Braga Netto. Não sei dizer quem eram seus contatos", disse Cid, reforçando que o núcleo interno do governo não mantinha ligação direta com os financiadores.

Braga Netto está preso desde dezembro de 2023, acusado de obstruir as investigações e tentar acessar detalhes da delação de Cid.

O major Rafael de Oliveira, mencionado no depoimento, integrava os "Kids Pretos", grupo de elite do Exército com treinamento em operações especiais. A investigação apura se o dinheiro repassado seria usado para custear ações antidemocráticas após a derrota eleitoral de Bolsonaro.

O depoimento de Cid deve seguir até as 20h desta segunda. Até sexta-feira (13), outros réus do chamado "núcleo crucial" do suposto golpe serão ouvidos.