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Presidente da Assembleia Legislativa do Rio é preso por vazar operação

Investigação aponta que Rodrigo Bacellar teria antecipado dados sigilosos da Operação Zargun, envolvendo nomes ligados ao Comando Vermelho e agentes públicos

Rodrigo Bacellar - Fotos: Divulgação

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso nesta quarta-feira (3/12) durante ação da Polícia Federal que apura o vazamento de informações sigilosas de uma grande investigação contra o crime organizado no estado. A prisão integra a Operação Unha e Carne, que mira agentes públicos suspeitos de colaborar com lideranças do Comando Vermelho.

Segundo a PF, Bacellar teria repassado detalhes internos da Operação Zargun, deflagrada em setembro, que desmontou um esquema de tráfico internacional de armas e drogas, corrupção de servidores e lavagem de dinheiro. As informações vazadas teriam beneficiado investigados e prejudicado a ofensiva da polícia contra a facção.

A determinação partiu do Supremo Tribunal Federal, que autorizou ainda mandados de busca, apreensão e medidas cautelares no âmbito da ADPF 635, que reforça o combate às organizações criminosas violentas no Rio de Janeiro.

A Operação Zargun já havia alcançado figuras-chave do esquema. Entre os investigados estão:

• Gabriel Dias de Oliveira, conhecido como Índio do Lixão, tesoureiro do Comando Vermelho e responsável por movimentar cerca de R$ 120 milhões em cinco anos;

• Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, apontado como uma das principais lideranças da facção;

• Alessandro Pitombeira Carracena, ex-subsecretário estadual, suspeito de interferir em ações policiais a pedido de criminosos;

• Thiego Raimundo dos Santos Silva, o deputado estadual TH Joias, acusado de articular interesses do grupo dentro da Alerj e facilitar a compra de fuzis, drogas e equipamentos;

• Policiais militares e um delegado da Polícia Federal investigados por fornecer proteção e informações privilegiadas ao grupo.

As autoridades agora apuram o alcance da suposta interferência de Bacellar e como o acesso antecipado às informações teria alterado o curso das investigações. A prisão do presidente da Alerj intensifica a pressão sobre redes que, segundo a PF, davam sustentação institucional ao crime organizado no estado.