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Desvios investigados na Sesau começaram durante a gestão de Gustavo Pontes

Contratos e repasses sob apuração da Polícia Federal tiveram início a partir de 2023, período em que ele comandava a Secretaria de Saúde

Posse do novo secretário aconteceu em 16 de maio de 2022 - Fotos: Pei Fon

Os desvios de recursos públicos investigados pela Polícia Federal na Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) tiveram início a partir de 2023, período que coincide com a gestão de Gustavo Pontes à frente da pasta. As informações constam nas apurações que embasam a operação Estágio IV, deflagrada nesta terça-feira (16/12).

De acordo com a investigação, os contratos emergenciais firmados pela Sesau entre 2023 e 2025 estão no centro do inquérito. As contratações envolveram duas empresas — uma fornecedora de material hospitalar e uma construtora — e somam quase R$ 100 milhões, com parte significativa dos recursos ainda em execução.

No mesmo intervalo, também são apurados ressarcimentos considerados superdimensionados de consultas e procedimentos médicos custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que ultrapassam R$ 18 milhões. Segundo os indícios reunidos, parte desses serviços não teria sido realizada, incluindo pagamentos incompatíveis com a capacidade operacional de uma clínica privada, especialmente na área de fisioterapia.

As investigações apontam ainda a existência de um esquema de movimentação financeira para distribuição de valores indevidos, com transferências bancárias, saques em espécie e uso de interpostas pessoas para ocultação patrimonial. Parte dos recursos públicos destinados à saúde teria sido desviada para fins pessoais e aquisição de bens.

A operação da Polícia Federal cumpriu mandados em Alagoas, Pernambuco e no Distrito Federal, com apoio da Controladoria-Geral da União, da Receita Federal e do Departamento Nacional de Auditoria do SUS. As apurações seguem em andamento para aprofundar a responsabilidade dos envolvidos e a extensão dos prejuízos ao sistema público de saúde em Alagoas.