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Trabalhadores de delivery relatam falta de apoio e pedem melhorias em escuta pública na JFAL

Categoria reivindica seguro contra acidentes, pontos de descanso e maior suporte das empresas e do poder público

Trabalhadores apresentaram suas principais dificuldades no dia a dia - Fotos: Secom JFAL

Construção de pontos de apoio, oferta de seguro contra acidentes, maior amparo governamental e suporte efetivo das empresas de delivery foram as principais demandas apresentadas pelos trabalhadores de aplicativos durante uma escuta acolhedora realizada na tarde desta quarta-feira (3/12), no auditório da Justiça Federal em Alagoas (JFAL).

A iniciativa integra o projeto “Vozes: narrativas sociais e diálogos com o Sistema de Justiça”, promovido em conjunto pela JFAL, Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (TRT-19), Superintendência de Trabalho e Emprego (MTE) e a Comissão de Direito Sindical e Associativo da OAB-AL.

Entre as denúncias mais contundentes está a falta de seguro contra acidentes. O entregador Nicolas Canton, com cinco anos de atuação no setor, afirmou que, quando há sinistro, a postura das empresas costuma ser de bloqueio ou até exclusão de conta:

“As empresas não dão suporte. Quando estamos na rua somos apenas nós e Deus.” O relato foi compartilhado por outros trabalhadores, que também destacaram a baixa remuneração, variando entre R$ 5 e R$ 7 por entrega.

O entregador Telvis Santos reforçou a falta de reconhecimento da categoria. Experiente em São Paulo e Maceió, ele afirma que, em ambas as realidades, os trabalhadores não são vistos como profissionais: “Tanto lá quanto aqui, não somos vistos como trabalhadores, mas como informais ou até mesmo marginais.”

Relatos também incluem a morte de um colega no trânsito, cuja família teve negado o pagamento de indenização de R$ 50 mil, mesmo com promessa de seguro de vida por parte da empresa.

Diante das situações apresentadas, o juiz federal Antônio José de Carvalho Araújo, coordenador do projeto Vozes, afirmou que a escuta é o primeiro passo para encaminhar ações concretas: “Essa falta de apoio para descanso dos trabalhadores é algo preocupante, especialmente para as mulheres. Conjuntamente, podemos buscar o apoio do Executivo para algumas dessas demandas.”

A pesquisadora da Ufal Clarissa Tenório Maranhão anunciou que estuda a criação de um projeto de extensão para analisar as condições da categoria e apoiar o encaminhamento das reivindicações aos órgãos competentes.

Para Luciano Santos, presidente da CUT/AL, a realidade enfrentada pelos entregadores está diretamente ligada ao racismo estrutural. Ele destacou a importância da escuta por dar visibilidade a uma categoria lembrada, muitas vezes, apenas no momento do consumo.

Também participaram da escuta o desembargador Marcelo Vieira (TRT-19), Cícero Pereira dos Santos Filho (MTE/AL), Geraldo Carvalho de Oliveira Neto (OAB-AL), Pedro Montenegro (DH/TJAL) e Mariana Brandão, da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos.

*Com informações da Assessoria